26/06/2009

Por Favor não roubem

"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." João 10:10

Existem muitos 'ladrões’ nas organizações, não do dinheiro das empresas, mas sim das pessoas que com eles trabalham e convivem.

A argumentação que tenho sobre essa afirmativa foi baseada no livro O caçador de pipas, de Khaled Hosseini, que tive o enorme prazer de ler e reler.

De todos os prazeres e sensações agradáveis e muitas vezes tristes, que a leitura deste livro me proporcionou, a mais marcante e significativa para mim foi a seguinte:

Em conversa com seu filho Amir, Baba afirma que existe apenas um pecado no mundo: o do roubo.

Ele justifica essa afirmação, dizendo:

Quando você deixa de dizer para alguém alguma coisa que você acredita ser 'verdade', você está 'roubando' o direito dele saber o que você sente a seu respeito.

Quando você mata alguém, você está 'roubando' o direito de outras pessoas conviverem com a pessoa que você matou.

Quando você 'maltrata' alguém, você está 'roubando' o direito dessa pessoa de ser feliz.

Quando você mente para alguém, você está 'roubando' o direito dela conhecer a verdade.

Como decorrência dessas assertivas imediatamente surgiu em minha mente os inúmeros 'roubos' praticados.


Relaciono alguns deles para que possamos examinar.

Quando você chega atrasado a uma reunião, você está 'roubando' o tempo das pessoas que chegaram na hora marcada.

Quando você quer, ou impõem, que seus 'empregados' fiquem trabalhando rotineiramente após as 8 horas diárias, você está 'roubando' o direito ao lazer, ao estudo, além do prazer que todos nós temos em desfrutar da companhia da esposa, filhos e dos amigos do coração.

Quando você pede urgência na execução de determinada tarefa, e depois não dá a menor importância, você está 'roubando' o seu empregado.

Quando você pensa que alguém não está correspondendo às suas expectativas, e nada diz, você está 'roubando' a vida profissional deles.

Quando você fala a respeito das pessoas e não com as pessoas, você está 'roubando' a oportunidade deles saberem a opinião que você tem a respeito deles.

Quando você não reconhece os aspectos positivos que todas as pessoas têm, você está 'roubando' a alegria e a satisfação que todos nós precisamos por nos sentir valorizados e úteis.

Além de 'roubar', você está sendo o principal gerador de um ambiente de trabalho, familiar desmotivador e desinteressante.


Todos nós temos um discurso fácil ao afirmar que é imprescindível haver respeito e consideração com todas as pessoas com quem convivemos, quer no plano pessoal ou profissional. Pensar e falar são coisas extremamente fáceis.

O grande desafio está no agir, no fazer, no praticar aquilo que se diz ou pensa como sendo o certo, o correto nas relações entre as pessoas. Não valemos pelo que pensamos, mas sim pelo que realmente fazemos.

Tenho constatado, como base no mundo real, que a maioria das pessoas deixa de se manifestar sobre como percebe e sente o comportamento das pessoas com quem convivem. A racionalização por não dizer nada é baseada no argumento de que, 'afinal, ninguém é perfeito' e vai acumulando insatisfações, com reflexos inevitáveis nas relações.

Acrescento que o pior tipo de relacionamento que podemos praticar com as pessoas com quem trabalhamos e vivemos é o do silêncio. O silêncio fala por si só. Diz muita coisa, e gera uma relação de paranóia, muita ansiedade e enorme frustração. Dizem que as pessoas admitem boas ou más notícias, detestam surpresas.

Considero oportuno lembrar, também, que todas as coisas que prestamos atenção tendem a crescer. Se olharmos, tão somente os aspectos negativos de alguém, esses tendem a crescer aos nossos olhos.

O inverso também parece ser fatal. Se dirigirmos nossas observações a respeito das questões positivas que todos nós temos, existe a grande possibilidade delas também crescerem.

Façamos um exame de consciência profundo nas diversas relações que mantemos.

Perguntamos com bastante frequência: Será que eu estou 'roubando' de alguém algumas informações ou percepções que podem lhes ser úteis para o seu crescimento pessoal e profissional?

João Alfredo Biscala

Colaboração de Um Amigo de Deus Marcelo Dias de Oliveira

Nenhum comentário: