"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." João 10:10
Existem muitos 'ladrões’ nas organizações, não do dinheiro das empresas, mas sim das pessoas que com eles trabalham e convivem.
A argumentação que tenho sobre essa afirmativa foi baseada no livro O caçador de pipas, de Khaled Hosseini, que tive o enorme prazer de ler e reler.
De todos os prazeres e sensações agradáveis e muitas vezes tristes, que a leitura deste livro me proporcionou, a mais marcante e significativa para mim foi a seguinte:
Em conversa com seu filho Amir, Baba afirma que existe apenas um pecado no mundo: o do roubo.
Ele justifica essa afirmação, dizendo:
Quando você deixa de dizer para alguém alguma coisa que você acredita ser 'verdade', você está 'roubando' o direito dele saber o que você sente a seu respeito.
Quando você mata alguém, você está 'roubando' o direito de outras pessoas conviverem com a pessoa que você matou.
Quando você 'maltrata' alguém, você está 'roubando' o direito dessa pessoa de ser feliz.
Quando você mente para alguém, você está 'roubando' o direito dela conhecer a verdade.
Como decorrência dessas assertivas imediatamente surgiu em minha mente os inúmeros 'roubos' praticados.
Relaciono alguns deles para que possamos examinar.
Quando você chega atrasado a uma reunião, você está 'roubando' o tempo das pessoas que chegaram na hora marcada.
Quando você quer, ou impõem, que seus 'empregados' fiquem trabalhando rotineiramente após as 8 horas diárias, você está 'roubando' o direito ao lazer, ao estudo, além do prazer que todos nós temos em desfrutar da companhia da esposa, filhos e dos amigos do coração.
Quando você pede urgência na execução de determinada tarefa, e depois não dá a menor importância, você está 'roubando' o seu empregado.
Quando você pensa que alguém não está correspondendo às suas expectativas, e nada diz, você está 'roubando' a vida profissional deles.
Quando você fala a respeito das pessoas e não com as pessoas, você está 'roubando' a oportunidade deles saberem a opinião que você tem a respeito deles.
Quando você não reconhece os aspectos positivos que todas as pessoas têm, você está 'roubando' a alegria e a satisfação que todos nós precisamos por nos sentir valorizados e úteis.
Além de 'roubar', você está sendo o principal gerador de um ambiente de trabalho, familiar desmotivador e desinteressante.
Todos nós temos um discurso fácil ao afirmar que é imprescindível haver respeito e consideração com todas as pessoas com quem convivemos, quer no plano pessoal ou profissional. Pensar e falar são coisas extremamente fáceis.
O grande desafio está no agir, no fazer, no praticar aquilo que se diz ou pensa como sendo o certo, o correto nas relações entre as pessoas. Não valemos pelo que pensamos, mas sim pelo que realmente fazemos.
Tenho constatado, como base no mundo real, que a maioria das pessoas deixa de se manifestar sobre como percebe e sente o comportamento das pessoas com quem convivem. A racionalização por não dizer nada é baseada no argumento de que, 'afinal, ninguém é perfeito' e vai acumulando insatisfações, com reflexos inevitáveis nas relações.
Acrescento que o pior tipo de relacionamento que podemos praticar com as pessoas com quem trabalhamos e vivemos é o do silêncio. O silêncio fala por si só. Diz muita coisa, e gera uma relação de paranóia, muita ansiedade e enorme frustração. Dizem que as pessoas admitem boas ou más notícias, detestam surpresas.
Considero oportuno lembrar, também, que todas as coisas que prestamos atenção tendem a crescer. Se olharmos, tão somente os aspectos negativos de alguém, esses tendem a crescer aos nossos olhos.
O inverso também parece ser fatal. Se dirigirmos nossas observações a respeito das questões positivas que todos nós temos, existe a grande possibilidade delas também crescerem.
Façamos um exame de consciência profundo nas diversas relações que mantemos.
Perguntamos com bastante frequência: Será que eu estou 'roubando' de alguém algumas informações ou percepções que podem lhes ser úteis para o seu crescimento pessoal e profissional?
João Alfredo Biscala
Colaboração de Um Amigo de Deus Marcelo Dias de Oliveira
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