21/05/2009

O Silêncio do Trigo e a Zoada do Joio

"Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda." João 15:16

É impressionante como o mundo está cheio de trigo, embora seja o joio quem dê as cartas na História.

O trigo existe em abundancia, mas é discreto, sem voz alta, sem projeto de ser nada além de pão, sem ambição além do chão, sem pretensão a viver sem antes morrer.

O joio, entretanto, tem o chão, tem a imagem do trigo, mas não dá fruto e nem se torna pão. Por isto, tendo o mesmo chão, tendo a mesma imagem, mas não se tornando pão, o joio não quer morrer, ambicionando existir como clone daquele que dá fruto: o trigo.

O trigo dá fruto depois que morre.

O joio não quer morrer, pois seu único fruto é sua própria existência.

O trigo é discreto, posto que o que é, é.

O joio só tem sua imagem a projetar. Por isto, se mistura e se confunde entre os que são.

O trigo é forte como a fraqueza que se multiplica em vida, vida, vida...

O joio é forte como aquilo que só tem a si mesmo... E mais nada além de si.

Entretanto...

Os dias são maus. Portanto, a legião de trigos tem que viver sua discrição com coragem ousada, pois Deus não deu aos trigos espírito de covardia, mas de poder, de amor, e de moderação.

As armas dos trigos não são como as dos joios.

Os joios vão à força do estelionato, das mascaras, das aparências, das imagens, do poder de controlar, e, sobretudo, da mãe de todos esses males, que é a hipocrisia.

O negócio do joio é parecer e aparecer. Mas não é...

O trigo, porém, precisa combater dando muito fruto, e, para tanto, não tendo medo de morrer; pois, se não morrer, fica ele só, mas se morrer, aí sim, produz muito fruto.

Se os seres trigo da terra decidissem viver sem covardia, mas com poder, amor, e moderação — nenhum poder no planeta seria mais forte do que esse.

O Pão da Vida convida todos os trigos a se oferecerem à morte mediante a entrega e a confiança, para que produzam muito fruto, e, assim, dêem ao mundo a chance de pelo menos saber que nem tudo o que se parece com trigo, é trigo; que nem tudo o que se parece com joio, é joio; e que tudo o que é trigo, dá fruto; embora haja trigos que são genuinamente trigo, mas que não estão dando fruto.

A questão não é fazer o joio acabar (esse, segundo Jesus, será trabalho para anjos) — mas ajudar o trigo a não temer morrer; e, assim, dar muito, muito fruto.

O joio continuará tentando substituir amor por poder, bondade pessoal por instituições de ajuda, boa vontade por engajamento político, misericórdia por militância ideológica, amor ao próximo por serviço religioso, adoração a Deus por show musical, pregação da Palavra por sedução mágica, e tudo o mais que o joio se especializou a praticar como estelionato contra a verdade, o amor, e a genuína fé.

Ao trigo, porém, diz o Senhor:

“Não fostes vós que me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós outros; e vos designei para que vades, e deis fruto, e vosso fruto permaneça”.

Devocional – Caio Fábio – 28/12/2006

Colaboração de Um Amigo de Deus Marcelo Dias de Oliveira

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